Meu primeiro alisamento foi uma progressiva, quando eu tinha só 10 anos de idade. As pessoas elogiaram, falaram que eu tava mocinha agora que cuidava (só que não) meu cabelo. Ninguém repreendeu e agora tem gente querendo fazer isso! E agora que eu estou cuidando de mim e da minha saúde e auto-estima como mulher negra.
Eu sei que a informação que roda sobre alisamentos e seus riscos é muito superficial, simplesmente porque química vende, vende muito e falar dos riscos pra saúde de uma criança alisada vai prejudicar o lucro de alguns grandes empresários. Mas é importante saber que química não é saudável pros fios, pro sistema respiratório, pro couro cabeludo e etc. E eu não sabia disso, porque ninguém me avisou antes. O que aparece é as vezes na TV, alguém fazer uma matéria falando de alguém que ficou careca, tudo muito distante como se não fosse acontecer comigo.
Eu tive muita sorte, por meu cabelo ser forte. Lembro quando era adepta de relaxamentos, meu cabelo ficava super seco, mas eu achava que a progressiva hidratava o cabelo (falta de informação TOTAL) e fazia química sobre química, e no alto da minha falta de conhecimento, usava relaxamentos para cabelos afro(nunca foi). Ele aguentou muito bem a tudo isso, e quando eu cortei mais curto, era só por motivos estéticos, eu amava o cabelo curtinho.
Foto de dezembro de 2010 (sem secador, babyliss ou chapinha)
Agora eu percebo o tanto que fiz meu cabelo sofrer e agradeço por ele ser tão forte, e ele conseguir ficar num tamanho gigante (pelo menos pra quem usa química)! Hoje, sinto que meu cabelo não está saudável, mesmo cuidando dele, está destruído pelos processos químicos e a única solução é a tesoura.
Foto de setembro de 2013 (chapinha no comprimento)
Nesse tempo de transição o que fica muito em foco é sua autoestima. Geralmente a decisão de alisar tem a ver com uma baixa autoestima criada por um padrão de cabelos eurocêntrico, que eu quero falar mais tarde sobre isso. Passar por essa fase difícil com duas texturas, afeta bastante o modo como nos vemos. Raiz alta sem definição e cabelo sem volume alisado é um tormento, mas o que ajuda muito é pensar que isso passa.
Aceitar os cabelos cacheados e crespos é um dos momentos mais importantes para mulheres negras. É legal durante o processo ter inspirações e informações sobre o universo negro.
A consciência étnica foi um dos motivos para minha volta aos cachos. Reconhecer os cachos e crespos como bonitos e aceitar minha negritude está sendo importante na minha vida, e recomendo este site para quem está buscando sobre o assunto.
Iniciei o terceiro mês ontem e nesse tempo eu não tive dias ruins, de mal com o cabelo e minha aparência. Estou usando solto e sem chapinha porque minha raiz não faz cachos, só fica alta mesmo, não dá muita diferença ainda.

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