quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Vestibular e negrxs

 Quem me conhece um pouco sabe que esse ano estou prestando vestibulares para medicina. Até o momento foram 4. 2 particulares, 1 conveniada e 1 federal. Enquanto eu estava esperando a prova começar (chego bem cedo sempre), reparei em um padrão. Negros e negras não eram nem 15% dos concorrentes.
 De acordo com o IBGE, pessoas que se autodeclaram negras ou pardas são 51% da população. Mas não parece quando você olha salas de cursinhos e de vestibulares. Na UFG minha sala de prova tinham 60 alunos, 7 pretos (negros ou pardos). Na PUC, 4 em 40. Unirg, 4 em 50. Unievangélica, 4 em 50. E em todos esses meninos e meninas, apenas os meninos, e uma das meninas não tinham cabelos alisados.
 O "teste do pescoço" nesses lugares traz resultados preocupantes. Nós somos 50% de todos, mas não somos 50% dos médicos, engenheiros, advogados, entre outras profissões que precisam de curso superior. Nós nem tentamos! Não somos 50% dos vestibulandos e estudantes de escolas particulares.
 E de onde vem toda essa desigualdade? Do passado de escravidão que todos os negros carregam nas costas. E depois quando nossos antepassados não foram incluídos no mercado e o racismo continuou com homens e mulheres livres. E depois quando nossos pais tiveram que trabalhar muito cedo e saíram do colégio. E depois quando não estamos nas universidades fazendo os cursos que desejamos.
 Mas nós estamos aqui. Estamos do lado de vocês. Nos subempregos e nos ensinos médios sucateados. Nos presídios e nas favelas. Com o trabalho que o homem branco não quer ter. Mesmo assim nossa voz não vai se calar.
 Não! O dia da consciência negra não é "racismo ao contrário" nem um dia qualquer. É dia de abrir os olhos e ter consciência: o racismo não acabou, a desigualdade não acabou e precisamos lutar. Nós precisamos desse dia e de todos os outros ao longo do ano para percebermos e nos empoderarmos cada vez mais.

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