Acho que todos viram a pesquisa do IPEA sobre violência contra a mulher e homofobia. O resultado, portanto, vocês sabem. 65%, aproximadamente 2 em cada 3 brasileiros concordam que "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas." E 58,5% afirmaram que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupro”. Particularmente eu sabia que muitas pessoas, inclusive dentro do meu círculo social, pensam assim, mas não achei que chegava a tanta gente.
Essa ideia é particularmente perigosa, e antes que me digam "tem que mulher que pensa assim e respondeu a essa pesquisa", eu sei. Mas algumas delas usam isso como uma forma de defesa. Ao apontar a roupa ou o comportamento da vítima como justificativa, a mulher se sente segura por não fazer parte desse "grupo de risco".
Infelizmente, se vestir 'decentemente' ou 'se comportar' não basta. De acordo com outra pesquisa do IPEA, pouco mais de metade das vítimas (50,7%) das vítimas de estupro são crianças menores de 13 anos, 88,5% delas são meninas! O que essas crianças deviam vestir? Seus agressores são conhecidos: pais ou padrastos (24,1%) ou amigos e conhecidos (32,2%). O estuprador desconhecido só aparece como maioria quando a mulher é adulta (60,5% dos casos).
Passando aos casos, isoladamente, uma idosa, virgem, foi estuprada e assassinada na frente de sua mãe. Outra mulher foi abusada na frente de seu marido. Um pai estuprou sua filha de 2 meses.
As vítimas de estupro são vítimas. Elas não são culpadas, não merecem, ninguém merece.

Nenhum comentário:
Postar um comentário